da gravidez a maternidade..

sexta-feira, 27 de março de 2009

Filhos: ter o coração fora do corpo..



A frase acima, parece mais uma pieguice, uma frase pronta, mas quem tem filhos sabe o quanto é real.
Lembro que nos 3 primeiros dias que a Içara nasceu, eu simplesmente não conseguia dormir, por medo de simplesmente ela parar de funcionar. A sensação é de que eu não poderia protegê-la como quando estava dentro de mim e como ela não dependia mais do cordão umbilical, eu senti a necessidade de estar o tempo todo atenta, acordada e por perto, para que ela não passasse nenhuma necessidade ou algo acontecesse que eu não pudesse evitar.
Foram os dias mais cansativos da minha vida. Nessa primeira semana, eu não tinha memória e raramente conseguia completar uma frase, um pensamento, devido a exaustão.
Parir não é tarefa fácil, demanda energia e suporte de dor. Amamentar também não, pois o primeiro mês é de muita adaptação e depois de dar o seio, a fome e o cansaço invadem o corpo da mãe.
Mas, era necessário para mim ficar acordada e vigilante, até entender que aquela coisinha frágil, tinha uma enorme força natural, que a fazia viver sem ser ligada a mim por um cordão. E que ela precisava agora, era de uma mãe descansada para poder lhe dar os cuidados higiênicos e muito carinho..
Ainda hoje, antes de dormir, visito o berço e coloco a mão em sua barriga para sentir sua respiração.
Mas, já aprendi que meu coração vai bater pra sempre fora do meu corpo e a única coisa que posso fazer é deixá-lo bater, longe ou perto.
Os bebês viram crianças, adolescentes, jovens, adultos e velhos.
O processo de "viva e deixe viver" começa a partir do momento em que nasce a relação mãe-filho.
Hoje tenho a oportunidade de cuidar, amar, brincar e estar 24 horas por dia com ela. Mas, logo mais isso não será possível e ela e eu vamos encarar nossos mundos de forma mais intensa.
E acredito que a nossa relação baseada em amizade, amor e a segurança de que mesmo não estando perto, estamos unidas, nos transmitirá futuramente a segurança de podermos estar longe e sentir perto.
Sem medo. Sem crise. Sem neurose.
Fácil, não é. Mas, não deve ter coisa melhor de que ver seus filhos fazendo escolhas e saberem que têm um porto seguro, aconselhador e não-crítico, sempre a sua espera..
É por esse caminho que quero guiar a nossa relação e o nosso aprendizado. Pois, já percebi que ela tem muito mais a me ensinar do que eu a ela.
Afinal, atrás de um pequeno amado bebê tem sempre uma mãe, com uma fralda na mão e um tanto descabelada, pronta pra dar um beijo pra sarar.

1 comentários:

RobertaPaiva disse...

Bruna,
você é a professora com mais alma de escritora que conheço rs!
Adoro lê-la!
beijos
Beta :)