Acorda criança. Um doce na rua. Cumprimenta estranhos. Brinca sozinha. Dança. Comunica-se bem com o pouco vocabulário e com a vasta expressão corporal.
Vira criONÇA. bate na mãe. no pai. nas avós. bate a cabeça na parede revoltada (de leve porque sabe que machuca, mas bate). joga tudo no chão. sapateia. esperneia. vira outra. uma oncinha. desconheço essa que colocaram no lugar da minha filha.
foto-registro de um momento de birra - içara 1 ano e 5 meses.
É sono? fome? cansaço? fadiga? encheu o saco do mundo? precisa extravasar? Testando os limites do seu poder? Ou é pura chatice de criança beirando os "terrible two" (fase que inicia por volta dos dois anos e acaba sabe deus quando.. a minha por exemplo, sempre retorna na tpm).
Sinceramente, NÃO SEI!
E quem me conhece sabe: tenho pouca, bem pouca paciência. Mas, bem pouquinha mesmo.
Então, explico uma, explico duas e na terceira já dou um pito! O que por muitas vezes piora a situação e em tantas outras resolve.
Não existe fórmula para ser mãe.
Aí bate a mãe-onça que lambe a cria, ensina, mostra como é e como não é e de repente rosna.
Só não bate. Porque bater não resolve mesmo. Só ensina a bater.
Li frases bacanérrimas estes dias sobre bater e educação. Uma delas dizia: "a palmada é efetiva. Pena que não educa".
Realmente, a palmada, o tapa, o tabefe, a cintada, a vara ou-sei-lá-mais-o-quê-que-usam-para-bater-em-crianças acaba com a birra na hora. Mas, não educa. Educar é auxiliar a pessoa a encontrar o caminho da resposta mais acertada. É mostrar como se faz e permitir que o outro a partir daí faça por si mesmo. É dar exemplo.
Quando se bate, acaba-se com o problema naquele momento. E quem apanha guarda apenas a lembrança do tapa. Dificilmente, se lembrará o que fez de errado (e às vezes, nem era errado).
É difícil pra caramba ser mãe.
Assumo que não é fácil. Eu mesma cresci na pedagogia da palmada. E não resolveu. Tudo bem que eu era uma criança chatinha e uma adolescente pior ainda, mas sou o exemplo vivo de que palmada não resolve.
Sem exageros. Não apanhei horrores. Mas, apanhei. E quando você vivência algo, você acaba por reproduzir os mesmos atos, pelo menos é neste pensamento que estão embasadas diversas teorias sobre o comportamento humano. E neste aspecto, realmente, quero passar longe.
Não que seja fácil, pois não é. Mas, existe uma longa distância entre o que se pensa e o que se faz.
Outra frase boa que li foi: "E se você descobrisse que alguém bateu no seu filho? E se esse alguém fosse você?"
E escutei uma frase muito comum na boca de quem apanha e não tem muita conciência corporal e social: "apanhei em casa para não apanhar na rua".
Tenha dó! Até parece ter alguma coerência, se olhar do ponto de vista da pessoa, do que ela vivencia. Mas, não tem.
E só reafirma o que já disse: quem apanha, aprende a bater. E quem não apanha na rua, provavelmente vai bater em alguém pra se defender, às vezes até antes de ser agredido de alguma forma.
Estou neste pique de falar sobre bater-educação-apanhar porque está em voga a lei que acabará com castigos físicos e verbais e estou na torcida que seja votada e instituída.
Caminhamos, um pouco torto e em passos lentos, mas caminhamos rumo à civilidade.
E neste ritmo de educação e evolução da espécie, a menina-içara quando criança ajuda a vanessa a arrumar a casa, pega o rodo e diz "chençha" (licença em içarês) para passar pano onde a vanessa está com o pé!
É uma coisa de doido ser mãe!
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