

Já estávamos com mais de 41 semanas no dia 4 de dezembro de 2008 e fomos na consulta com o Dr. Gilberto. Tínhamos prorrogado a indução por 1 semana e chegávamos na data limite sem que eu desse sinal de trabalho de parto, apenas contrações muito irregulares. Resolvemos induzir por misoprostol, uma espécie de citotec, mas em quantidade moderada e segura para apenas afinar o colo do útero.
Fomos para casa, eu e o Gustavo, ansiosa, ainda arrumei muitas coisas e fomos dormir na casa da mãe dele, pois eu precisava de um bom banho e uma noite de sono segura, antes de ir para maternidade. Às 4 da manhã, coloquei o 1° comprimido via vaginal e voltei a dormir. Acordei as 5h30' e ansiosa fiquei até a hora em que todos nós: Gustavo, meu sogro e minha sogra, estivéssemos prontos para ir para o hospital.
Chegamos lá às 7hs e esperamos o meu médico até umas 7h40', quando ele colocou outra cápsula via vaginal. Até então, não sentia muitas contrações e elas começaram a ritmar e estava com apenas 2 cm de dilatação.Preenchi a papelada da internação, mas não entrei logo. Fiquei na lanchonete em frente a maternidade (Casa de Saúde de Santos). Aí as contrações começaram de verdade de 10 em 10 min vinha uma dor de cólica e a vontade era de matar alguém! Ficava nervosa e muito tensa, mas 1 minuto depois relaxava completamente e ria, sabendo que meu trabalho de parto evoluia bem. Cantava, beijava meu maridão e chorava feliz. Tudo junto e misturado. É uma emoção sem fim. Fiquei mais feliz ainda em saber-me sem medo, confiante que logo veria a minha pequena.
Minha mãe, Vó Ambrosina e Tia Zelma chegaram e continuei na frente da maternidade até umas 10 horas, mas as contrações começaram a pegar e como meu médico (que havia saída para uma cirurgia) estava prestes a voltar, resolvi entrar. Quando entrei as enfermeiras me esperavam e já haviam chamado meu nome diversas vezes. Fiquei feliz em não entrar logo, quando vi o quarto e as meninas que aguardavam a cesária. Fiquei em uma sala pré-parto com mais duas. Logo saía uma e entrava outra no leito. TODAS CESÁRIAS.
(OBS. Neste dia, dos 12 partos que ocorreram na maternidade, apenas 3 foram normais).
E eu sofrendo de dor.As dores se intensificavam mais e mais.. tomei um banho quente delicioso que diminuiu a sensação de dor. Meu médico chegou, saí do banho e fez um exame de toque. Apenas, 4 cm! "Vai longe..", comentou o Dr. Gilberto com a enfermeira. E eu:"Longe quanto doutor?". "Mais umas 3 horas..". E foi embora dizendo que voltava em uma hora e meia.Neste período fui assistida muito bem pelas enfermeiras e as dores começaram a ficar insuportáveis. Pois, o que antes era apenas cólicas fortes passou a ser um misto de cólica e pressão na bacia.
Nesta 1 hora e meia até o médico voltar eu senti dores terríveis. Chorei, tomei novo banho e deixei as meninas que iam fazer cesária horrorizadas. Elas estavam lá, deitadinhas, só no soro e eu como uma louca, andando de um lado pro outro.
Meu médico chegou. Pedi pelo amor de deus, para trazer a analgesia, que eu precisava tomar, não estava aguentando mais, que já estava vendo a própria nossa senhora do bom parto na minha frente. O Dr. Gilberto me acalmou. Foi praticamente um pai naquele momento. O conforto de suas palavras me acalmaram e até as dores diminuíram. Tinha certeza de que estava em boas mãos e que estávamos fazendo a coisa certa. Novo exame de toque: 8 cm! Já podia tomar a analgesia, não tinha "ido tão longe" meu trabalho de parto. Uma hora e meia depois dos 4 cm e a
evolução foi rápida e precisa. Não precisei ir para o soro com ocitocina (se tivesse ido, acho que morreria de dor!).
Chamaram o Dr. Assada, anestesista. colocaram soro na minha mão. Dr. Gilberto me deu apoio para eu relaxar o corpo para tomar a peridural. Nem senti nada. Só a sensação da agulha dentro da coluna, mas não tive dor. Comecei a ver a luz, o paraíso sem dores! Bendita analgesia. minhas
pernas e pés começaram a ficar gelados e uma sensação gostosa tomou meu corpo. Dr. Gilberto recomendou que a analgesia fosse aplicada de forma que eu pudesse colaborar no momento da expulsão. E assim foi feito. As cólicas passaram, de tempos em tempos, sentia aquela pressão no
quadril, como se estivesse tudo abrindo a força.
Dr. Gilberto estourou minha bolsa, vi que já tinha as tais "natinhas" que deixam o líquido turvo, mas eram poucas.Dr. GIlberto pediu que eu colocasse a mão na minha vagina e senti a cabeça da minha bebê! Seus cabelinhos! Nossa.. que momento maravilhoso o doutor me deu. Sabia que em pouco tempo veria com meus próprios olhos a coisa mais bela desse mundo.
Mandaram chamar o Gustavo para assistir o parto.Fomos para a sala de parto. Pequena e tranquila. Dr. Gilberto pediu que desligasse a luz pois não havia necessidade. Chegou a pediatra e uma assistente. Gustavo entrou, nervoso. Mas, eu estava dopada e feliz e acalmei ele. Emocionados, começamos a fazer força. Vinha a contração e eu forçava, queixo colado no peito, tentava pegar o máximo de ar que conseguia.. Força, muita força. Dr. Gilberto me elogiava e encorajava.. Senti coroar.. e talvez depois de umas 8 a 10 forças (não me recordo bem), saiu inteirinha minha bebê! Felicidade enorme! Gustavo muito emocionado chorava e eu chorava junto. Ás 1h45' da tarde ensolarada do dia 5 de dezembro de 2008. Pesando 2885kg e 47,5cm.
Mas, a bebê não chorou logo, nasceu cansada, roxinha de um lado e pálida do outro. Demorou pra respirar e chorar, teve que ir para um bercinho aquecido e para a sala de oxigênio, mas não foi preciso entubar nem nada.Eu chorava desesperada, pedindo minha filha pra mim, queria ela no meu peito, queria vê-la e sabê-la bem.Ela chorou, fui acalmando. Tomei os pontos da epsiotomia. Dr. Gilberto pegou Içara e colocou em meu peito mais um pouco, explicando que ela precisava do aquecimento artificial para ficar bem.O apgar dela no 1° minuto foi 4, no 5° foi 6 e no décimo 9°.
Gustavo e ela foram embora para o berçário e provavelmente toda a família foi atrás.Fui para uma sala tomar um sorinho e me sentia com uma energia fora do comum! Queria andar, conversar, saber da minha filha. Fiquei feliz demais e já que estava ali, assisti o "vale a pena ver de novo".Mas, estava com tanta energia que podia correr uma maratona, porém devido a analgesia, não poderia me levantar da cama durante 6 horas.
Subi pro quarto.Minha sogra ficou comigo. O Gustavo chegou depois, trazendo minhas flores e 4 horas depois do parto levaram minha filha para ficar comigo. Finalmente, estávamos juntos, nós três.Ela dormiu bem e quando o Gu disse que ia embora ela acordou e com certa dificuldade acertei lhe dar de mamar. Linda..O Gustavo não podia ficar, só acompanhante mulher. Ele foi embora, minha mãe chegou. Não dormi nem 1 minuto da 1° noite, tinha medo da Içara simplesmente "parar de funcionar". Os dias no hospital foram péssimos! Presa! Horário de visita rápido. Comida péssima.A equipe do hospital é muito atenciosa, porém acho um absurdo não
auxiliarem as mães de primeira viagem na amamentação e orientar da melhor forma possível.Amamentar foi um segundo parto para mim, mas merece um post separado.
Ser mãe é a melhor coisa que existe. Tenho um anjo em minha vida. Ela mama bem, dorme bem e só chora quando está com fome. Linda, saudável e perfeita. Voltei a rezar. Voltei a ter uma fé que fazia tempos que não sentia realmente. Pois, gerar vida é sem dúvida, divino!